SUCESSO

Por Rubem Alves

FIZERAM UMA enquete entre pessoas que, a seu juízo, tiveram sucesso, eu entre elas. Queriam descobrir o segredo. Eram seis perguntas:

1) Se tivesse que definir sua história profissional em três palavras, quais seriam?
Um jovem me perguntou: como planejei a minha vida para chegar aonde cheguei? Respondi: cheguei aonde cheguei porque tudo o que planejei deu errado. A primeira palavra, então, seria “acidente”.
Depois, há de se ter um dom, coisa que não se faz, mas se recebe dos deuses. Quis muito ser pianista. Fracassei porque me faltava o dom. Já vi muitas promessas em livros de autoajuda do tipo “você está destinado ao sucesso…”. Isso é mentira. O querer nada pode sem o dom.
Finalmente, é preciso trabalhar.

2) Quais diferenciais uma pessoa deve possuir para conquistar o sucesso em sua profissão?
Não gosto dessa palavra “sucesso”. O que é sucesso? Vender um milhão de livros? Muitos livros medíocres são vendidos aos milhões, enquanto outros livros geniais não vendem uma única edição.
Muitos sucessos acontecem por acidente, trapaça ou malandragem. Ser eleito deputado ou senador -isso é sucesso?
Não se aprisionar ao costumeiro. Uma mulher que não conheço me enviou um presente, um quadro bordado em ponto cruz com as palavras “Deus abençoe essa bagunça”… Nietzsche nos aconselhou a construir nossas casas nas encostas do vulcão Vesúvio… Curiosidade.

3) Você deve ter acompanhado muitas pessoas que atingiram um reconhecimento em sua carreira, mas que, em pouco tempo, acabaram esquecidas. Quais os cuidados que um profissional deve tomar para que isso não ocorra?
Isso nunca me passou pela cabeça… Eu riria de uma pessoa bem-sucedida que se preocupasse com isso. Acho que essa preocupação é própria de pessoas narcisistas. E eu desprezo os narcisistas… Um conselho maroto, de bufão: “Esforce-se para aparecer na “Caras”. Com seu rosto sorridente lá, você não será esquecido…

4) Que ações e atitudes você tomou em sua vida e que, na sua opinião, foram determinantes para o sucesso em sua carreira?
Uma das minhas características que em nada ajudam o sucesso foi a “rebelião”. Fui um rebelde na religião, um rebelde na psicanálise, um rebelde na esquerda, um rebelde na educação. “Em cada chegada, eu sou uma partida”, dizia Nietzsche. E Eliot: “Numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo…”. Acho que aqueles que gostam de mim têm esse traço comum: andam na direção contrária.

5) Já houve momentos em que você pensou em desistir? Em que pensou que nada daria certo? Se sim, o que você fez para superá-los e seguir em frente?
Sim. Cheguei a me candidatar a vendedor da “Enciclopédia Britânica” de casa em casa… Mas, repentinamente, o vento virou e encheu as minhas velas… É preciso estar atento à direção do vento…

6) Qual a lição mais importante que você teria para quem deseja afinar-se para o sucesso?
Não queira afinar-se para o sucesso. Não faça do sucesso o seu deus. Seja fiel a você mesmo. Se vier o tal de “sucesso”, melhor para você. Ou pior para você, nunca se sabe… Van Gogh foi um fracasso, nunca vendeu um quadro. Ele poderia ter se “afinado” para o sucesso -pintando quadros mais bonitinhos…

A FNQ - Fundação Nacional da Qualidade disponibiliza dicas para difundir seu modelo de excelência em gestão entre pequenas e médias empresas.

Com o intuito de ajudar a avaliar resultados e planejar melhorias em micro e pequenas empresas, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) oferece, em parceria com Sebrae, Gerdau e Movimento Brasil Competitivo (MBC), um conjunto com 12 dicas de aprimoramento de gestão. As dicas se baseiam no Modelo de Excelência de Gestão defendido pela FNQ.

Confira as 12 dicas da FNQ para auxiliar as micro e pequenas empresas:

1. Conheça e ouça os clientes - Agrupe os tipos de clientes com características similares. Identifique e analise suas necessidades e ofereça serviços ou produtos adequados a esses grupos. Divulgue produtos e serviços no canal mais adequado. Promova avaliações periódicas do nível de satisfação e crie um meio de comunicação para ouvir as reclamações e sugestões – para, a partir daí, identificar oportunidades de melhoria.

2. Preocupe-se com o meio ambiente e seja socialmente responsável - Fique ciente dos danos que as atividades e instalações da empresa causam ao meio ambiente. Controle o consumo de água, energia elétrica e papel e descarte corretamente sobras de produção, lixo, lâmpadas fluorescentes, cartuchos de impressora e embalagens. Promova ações e projetos sociais, conscientizando e envolvendo os colaboradores com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentado.

3. Tenha a melhoria contínua como meta – Promova a melhoria por meio da inovação dos produtos, serviços, processos e métodos de gestão, a partir das contribuições de colaboradores e de informações obtidas externamente (com outras empresas, concorrentes, universidades, centros de pesquisa, associações, rede de relacionamentos, etc). Isso contribui para o aumento da competitividade da empresa.

4. Estabeleça sua missão, visão e valores – Toda empresa deve estabelecer e disseminar sua missão, visão e valores entre os colaboradores para que todos persigam os mesmos ideais e saibam o que os dirigentes esperam.

5. Tenha um planejamento estratégico – Estabeleça estratégias para alcançar os objetivos da empresa, levando em conta informações relativas a clientes, mercados, fornecedores, colaboradores e sua capacidade de prestar serviços, produzir e vender. Isso permite posicionar a organização de forma competitiva e garantir a sua continuidade.

6. Faça a gestão das pessoas - Defina claramente as funções e responsabilidades dos colaboradores, pontuando a participação de cada um e promovendo a sinergia do trabalho em equipe. Disponibilize ações de capacitação com base num plano de treinamento para desenvolver habilidades e conhecimentos.

7. Promova a qualidade de vida - Adote ações que garantam o bem-estar e a satisfação dos colaboradores, promovendo um ambiente favorável à realização do trabalho.

8. Controle o desempenho – A empresa deve estabelecer indicadores e metas que permitam controlar as principais e analisar o desempenho do negócio. Esses indicadores e metas precisam contemplar aspectos relacionados a finanças, produção, vendas, fornecedores, clientes, colaboradores e questões ambientais.

9. Faça o controle financeiro – Utilize o fluxo de caixa e um plano orçamentário para, no mínimo, um ano.

10. Organize as informações – As informações necessárias para a execução das atividades da empresa, análise e condução dos negócios devem estar definidas e organizadas por um sistema padronizado. A empresa deve compartilhar as informações a fim de permitir a execução adequada das funções.

11. Faça benchmarking – Obtenha informações comparativas de outras empresas do mesmo segmento, com o objetivo de adotar novas práticas de melhoria.

12. Execução de atividades – As principais atividades da empresa devem ser executadas de acordo com padrões definidos, a partir de requisitos legais, da descrição de processos e de informações sobre as necessidades do cliente.

O gestor ensina sete princípios que ajudarão os profissionais a trabalharem suas metas.

1. Diga o que você quer, não o que quer evitar – a meta é o seu destino e dá a direção para onde se mover. Metas positivas dão energia e motivação.

2. Faça suas metas desafiadoras e realistas – elas têm de ser atingíveis, mas não muito fáceis. As metas mais difíceis vão ensinar mais. Mude as metas sempre que necessário. O objetivo é ter sucesso com uma meta que valha a pena e não falhar. Quando atingir uma meta, congratule-se e estabeleça a próxima mais alta.

3. Influencie os resultados diretamente – a meta deve estar sob seu controle direto. Você deve praticar a ação e não outra pessoa. Os outros, certamente, irão ajudá-lo, mas você terá que pedir isso a eles.

4. Meça seu progresso – em primeiro lugar, as metas devem ter um prazo; você deve dar a si mesmo uma data limite. Em segundo lugar, decida como medir o progresso e como monitorá-lo continuamente.

5. Cheque seus recursos – recursos são qualquer coisa ou qualquer pessoa que possa ajudá-lo. É sempre motivador saber que você os tem.

6 – Avalie o custo – qual é o custo das suas metas? Você quer e é capaz de pagar por ele? O custo não é simplesmente financeiro, mas, também, em termos de tempo e outras coisas que você poderia estar fazendo se não buscasse a meta.

7. Faça um plano de ação – o aprender está no fazer. Este é o momento em que você divide as metas em metas menores, para conseguir chegar às maiores. Comece com maiores e pergunte o que o impede de atingi-las, então estabeleça metas menores e específicas para vencer esses obstáculos.

Descubra como equilibrar carreira e vida pessoal; faça o teste

RENATA RODE
Colaboração para o UOL
  • Concentração e equilíbrio são fatores fundamentais para ter sucesso profissional e bons relacionamentos

    Concentração e equilíbrio são fatores fundamentais para ter sucesso profissional e bons relacionamentos

Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. “O pulo do gato está em saber dar atenção à carreira e a todos os outros relacionamentos que temos em nossa vida, seja com o marido, com os filhos, com a família ou com os amigos. Conheço alguns executivos que viveram dando ênfase somente à parte profissional e, quando se deram conta, era tarde: perceberam que viviam em famílias desestruturadas, nas quais muitos eram infelizes”, explica Cíntia Bortotto, psicóloga pela PUC-SP e especialista em Recursos Humanos pela Fundação Getulio Vargas.

Cíntia, que também é especializada em coaching pelo Integrated Coaching Institute, de São Paulo, enfatiza: “A vida tem vários pilares. Se você se alicerça em um só, a tendência é ter problemas no futuro. Executivos com mais de 40 anos acabam procurando ajuda de psicólogos, porque colocam toda sua energia de vida em um lugar só”.

Escolha diferente fez o carioca Rodrigo Champoudry, que abriu mão da vida profissional cheia de compromissos para ficar mais tempo com a namorada. “Trabalhei durante cinco anos em uma empresa e um dia fui promovido. A promoção se traduzia em viagens constantes, e isso começou a me incomodar, pois passava mais tempo longe da minha namorada do que dando atenção a ela. Resultado: pedi demissão e mudei completamente de carreira. Era técnico de eletrônica e me tornei publicitário”, conta.

Hoje, o casal vive feliz e comemora nove anos juntos. “Não me arrependo nem um pouco da minha decisão, porque prezo demais minha vida pessoal”, afirma Champoudry.

Quem viveu na pele a difícil tarefa de escolher entre carreira e vida pessoal foi o casal paulista Camila e Fernando Elkis. Casados há 3 anos, eles optaram por aumentar a família e hoje são pais da pequena Lara, de apenas 7 meses.

“Nossa filha mudou completamente nossa forma de ver e viver a vida. Antes, vivíamos para o trabalho, mas hoje, temos uma rotina regrada, regida, praticamente, pela Lara. Trabalhamos e estamos sempre tentamos manter uma estrutura com assistente e babá full time em casa. Isso custa e a responsabilidade também aumenta”, revela o empresário.

Elkis afirma que o antídoto para evitar complicações no relacionamento é um só: cumplicidade. “Sempre que posso vou visitar a Lara na hora do almoço e procuro chegar do trabalho antes dela dormir. Ainda revezo com minha esposa as mamadas (com mamadeira, é claro) durante a madrugada”, diz.

Para a psicóloga Cíntia Bortotto, a história de Camila e Fernando traduz a realidade de muitos casais.

“Hoje em dia, os papéis em casa estão mais equilibrados. Antigamente, a mulher não tinha tanto espaço no mercado de trabalho. O que aconteceu é que nós investimos na nossa carreira e agora temos outras atribuições. Assim, podemos delegar tarefas domésticas para pessoas de confiança. Nesse sentido, sai o peso de tentar ser mãe, esposa, dona da casa e profissional, e o pai, muitas vezes, assume alguns papéis que não tinha antes”, afirma.

Cíntia revela que é fundamental para o casal manter o diálogo aberto e dividir as responsabilidades de forma equilibrada. “Tudo é conversado e negociável”, diz.

Em São Paulo, a psicanalista Sonia Perazzolo atende com frequência pais que priorizaram a carreira e agora têm problemas de relacionamento com os filhos.

“Quando o pai ou a mãe fica mais tempo no trabalho do que em casa, o problema é maior, porque eles procuram recompensar a ausência de todas as formas, menos do jeito mais óbvio: dando afeto aos filhos”, relata Sonia.

Segundo ela, afeto não se resume em dar carinho. Esse sentimento também significa falar sempre a verdade e passar valores morais importantes. “Formar os filhos para a vida não é apenas dar a eles coisas materiais”, alerta.

A psicanalista dá quatro dicas para equilibrar a vida profissional e pessoal.

1. Trace metas: faça planos para o futuro e tenha sempre em mente seus objetivos pessoais e profissionais. Determine prazos para atingí-los
2. Mantenha os pés no chão: concentração e equilíbrio são fatores fundamentais para ter sucesso na carreira e bons relacionamentos
3. Acerte os ponteiros: antes de começar uma relação, certifique-se que seu parceiro aceita seu estilo de vida e entende seus planos para o futuro
4. Questione-se antes de aumentar a família: o casal deve se perguntar se está preparado emocional e financeiramente para ter filhos

“Outro fator importante é saber que ganhar dinheiro é muito bom, mas temos que por um pé no breque para não cairmos no consumismo e só buscar ter, esquecendo-se do ser”, alerta Sonia.