Queda de 20% na audiência da Globo no carnaval

A transmissão da Globo dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, no domingo, registrou uma queda de 20% na audiência, na comparação com 2011. Anteontem, a emissora marcou 8,3 pontos no Ibope da Grande São Paulo. A primeira noite dos desfiles cariocas no ano passado marcou 10,4. Em 2010, a média foi de 10,9 e, em 2009, 12,5 pontos. Com uma programação alternativa à folia, a Record bateu a Globo durante os dois primeiros desfiles. Das 21h às 23h32, o "Domingo Espetacular" marcou 15 pontos contra 13 da concorrente. Na sequência, o "Repórter Record", das 23h32 à 0h21, também bateu o Carnaval da Globo por 12 a 10 pontos.

SOBRE ESSE NEGÓCIO DE PROVAR A EXISTÊNCIA DE DEUS



Ouvi dizer que as palavras não se dão ao respeito. É verdade.
Não culpe as palavras, o problema está com quem as usa. De fato, é bastante natural que as palavras não se respeitem ao ponto de permanecerem enrijecidas, inflexíveis. Palavra rígida demais é palavra morta. Não se admira que usem o latim para denominar as espécies animais – homo sapiens, por exemplo. O latim morreu, ninguém mais bole com aquelas palavras. Homo é semprehomosapiens é sempre sapiens, e ponto final.
“Causa-me espécie” é sinônimo de “causa-me estranheza”, e nem por isso deixamos de captar em “Descobriram uma nova espécie de roedor” um outro significado da palavra “espécie”. É uma palavra viva.
Dito isso, causa-me espécie o que se faz com a palavra “científico”. Sei bem que preciso deixar esta palavra livre para se expandir e assumir novos significados, mas tem coisa que me parece exagero. Hoje usa-se “científico” para descrever o funcionamento de pranchas de alisamentos, para descrever a ação de cosméticos e para descrever os movimentos de artes marciais. “Funcionamento garantido cientificamente para alisar seus cabelos com o mais novo e revolucionário jato de íons”; “Hidratação e limpeza profundas – testado cientificamente”; “A magia das artes marciais explicada cientificamente”; e assim vai.
Meus queridos, “científico” precisa ter um significado mais profundo do que “comprovado”, “garantido” ou “medido com muita precisão”. Caso contrário, a coisa perde o sentido e o equívoco é inevitável. Por significar coisas demais, o termo passa a não significar muita coisa.
Assisti um especial da Discovery com a chamada “A ciência desvenda as artes marciais” ou coisa que o valha. Gostei do programa. Custou uma hora de sono, mas valeu a pena. Foram convidados campeões ou especialistas de cada modalidade: kung-fu, karatê, jiu-jitsu (era o brasileiro Royce Gracie), taekwondo, uns caras com espadas e outros com bastões. A estrutura do programa era pedir que os especialistas dessem golpes em um boneco de medições usados na indústria automobilística nos ensaios de impacto. O “científico” estava principalmente no boneco, que registrava com precisão os mais diferentes tipos de pancada. Só isso. Senti no ar uma intenção velada de determinar qual era o golpe mais mortal. Tudo “científico”, bem apropriado para a televisão.
Pergunte-se: faz sentido medir com precisão alguma coisa sem saber o que se pode esperar daquela medição? Que informação traz o mais preciso luxímetro se você não sabe para quê está medindo a luminosidade? Precisão, por mais importante que seja no esquema geral das coisas científicas, não é suficiente para transformar medidas em conhecimento científico.


Provado cientificamente é, na verdade, uma expressão forte demais. As pessoas costumam pensar que toda ciência é exata, com precisão de dez casas decimais, e que os achados científicos não podem ser questionados. Elas estariam certas se a natureza da evidência científica fosse a exatidão.
Percebeu a mudança de discurso? Estava falando da impressão injustificada de que a ciência é exata, incontestável, e usei, como quem não quer nada, a palavra evidência. Evidência é uma palavra menos contundente do que prova, mas ela é mais apropriada para a ciência. Obter evidências é um jeito de dizer “acúmulo de dados que sugerem uma interpretação compatível com uma determinada teoria”. Tem outra expressão interessante, que é “evidências convergentes”. Ela quer dizer “dados obtidos de diferentes áreas de pesquisa apontam para a validade de uma determinada teoria”. Evidências convergentes são mais fortes do que evidências.
Vamos aos exemplos. Evidência é quando se descobre que o hemisfério esquerdo do cérebro é dominante para linguagem, e que o hemisfério direito é dominante para o processamento espacial e visual. Como se descobre um negócios desses? Estudando o caso de pessoas com lesões cerebrais, normalmente causadas por AVCs (acidente vascular cerebral), os famosos derrames. O resumo da ópera é que pessoas com lesão no hemisfério esquerdo do cérebro apresentam dificuldades com a linguagem, quer dizer, elas não conseguem falar direito ou não compreendem direito aquilo que ouvem, dependendo da localização e da extensão da lesão. Pessoas com lesão no hemisfério direito do cérebro apresentam dificuldades na hora de copiar desenhos e de montar cubos pintados de acordo com um modelo. Estas são as evidências, e esta é a interpretação destas evidências.
Por que estes dados não são provas, apesar de serem contundentes? Porque há muita variação entre o tamanho das lesões, de sua localização, da idade dos pacientes, das suas habilidades adquiridas antes da lesão, da origem da lesão e diversos outros fatores. Isso impossibilita um estudo preciso, e por isso os neurocientistas precisam trabalhar com evidências e não se dão ao luxo de chamá-las de provas.
Evidência convergente é quando se descobre que surdos sinalizadores apresentam o mesmo padrão de deficiências cognitivas em consequência de lesões no hemisfério esquerdo ou direito. Surdos sinalizadores são aqueles que usam preferencialmente a língua de sinais, que no Brasil se chama LIBRAS (língua brasileira de sinais). Estes surdos usam o espaço para sinalizar, eles processam os sinais e seus movimentos complexos usando a visão. Então, a primeira suspeita seria que o processamento linguístico dos surdos sinalizadores seria feito no hemisfério direito, que é especializado no processamento visual e especial. Certo? Não, não é assim que acontece. As pesquisas mostraram que o mesmo padrão ocorre nos surdos sinalizadores: eles apresentam problemas linguísticos quando a lesão é no hemisfério esquerdo do cérebro, e problemas visuo-espaciais quando a lesão está localizada no hemisfério direito. Eu acho isso impressionante, e mostra que o hesmifério esquerdo é dominante para linguagem independentemente da modalidade em que essa linguagem se apresenta (auditiva versus visuo-espacial).
Evidências convergentes são assim: elas vêm de áreas diferentes de pesquisa e apontam para a mesma direção, para a validade de uma determinada teoria.
No entanto, mesmo as evidências convergentes têm suas limitações, que são bem parecidas com as das evidências. Apesar de serem impressionantes, elas apontam para a mesma falta de imprecisão. As lesões nos surdos apresentam as mesmas complexidades apresentadas pelas lesões em ouvintes. Elas acontecem em lugares diferentes, têm tamanhos diferentes, e têm origem diferentes (AVC, acidentes de carro, tiros etc). Essas lesões não são diretamente comparáveis e, portanto, são evidências de alcance limitado e de difícil interpretação. É assim que caminha a neurociência. Agora a ciência não parece tão exata, parece?
Mais uma coisa: estes estudos do funcionamento do cérebro humano usam, sem exceção, a estatística para tirarem sua conclusões. São análises de variância, de contraste, análise multi-variadas, coisas que assustam os mortais só de pensar nelas. É importante observar isso, pois a estatística aplicada nestes experimentos trabalha com faixas de valor e determina se as faixas são significativamente diferentes entre si. Se a ciência fosse tão exata como se costuma pensar, ela não precisaria da estatística e trabalharia com valores absolutos.
Isso não depõe contra a ciência, a neurociência ou outros ramos de pesquisa. Longe disso. É a maneira árdua e lenta de a ciência avançar. É notável que, apesar destas dificuldades, a ciência avance.
É assim que a coisa funciona. Vamos tomar cuidado com a expressão “prova científica”. Ela é um equívoco.


Quando um cientista vai colocar a mão na massa, ele deve se preocupar bastante com o arranjo do experimento que vai conduzir.
Em primeiro lugar, o cientista precisa saber o que está procurando, qual é o fenômeno que está investigando. Para isso, ele precisa de uma teoria que dê conta dos fatos, que os explique adequadamente. Uma boa teoria responde bem às questões existentes e suscita novas perguntas, novos questionamentos que, por sua vez, suscitarão novos experimentos. É assim que a ciência funciona. Já se disse que a ciência avança como em uma dança entre teoria e experimento. Nenhum experimento científico sobrevive em um vácuo conceitual.
Em segundo lugar, o cientista deve se assegurar que o experimento responde à pergunta que ele, inspirado pela teoria, está fazendo. Esta é uma parte delicada do processo, pois um arranjo experimental capenga leva a resultados capengas que não podem ser devidamente interpretados. Vou dar um exemplo da pesquisa com surdos sinalizadores (aqueles que usam a língua de sinais como meio preferencial de comunicação).
Na época em que fiz pesquisas com surdos, minha pergunta era a seguinte: se a língua de sinais tem subcomponentes visuoespaciais à serviço da linguagem, é possível que estes surdos, por conta do uso prolongado da língua de sinais, sejam mais rápidos do que os ouvintes não sinalizadores em tarefas que exijam o raciocínio visuoespacial? Calma.
Quando os surdos sinalizadores se comunicam, eles usam os sinais, que são totalmente visuais. Por assim dizer, os surdos sinalizadores conversam usando os olhos. Nos ouvintes, a mesma comunicação se faz com o ouvido. Pense: se os surdos sinalizadores usam o espaço para definir sujeitos, verbos e objetos, eles devem usar componentes do raciocínio visuoespacial para isso. Movimento de braços, mãos e dedos são cruciais para a sinalização eficiente: eles usam e interpretam visualmente os sinais, espaço e movimentos servem de apoio para a linguagem.
Depois de ler a literatura relevante deste campo, a pergunta que me fiz foi: será que os surdos sinalizadores apresentam um desempenho superior ao de ouvintes não sinalizadores em tarefas puramente visuais, ou seja, em que o espaço não é usado como meio de linguagem? O que eu precisava fazer era submeter surdos sinalizadores e ouvintes não sinalizadores a uma tarefa que demandasse unicamente o raciocínio visuoespacial, livre de qualquer componente linguístico.
Um experimento feito desta maneira, comparando o desempenho destes dois grupos, responderia à minha questão? Aparentemente sim, mas não. É que ficaria faltando algo na hora de explicar uma possível diferença: ela seria atribuída a quê? Como este tipo de diferença tende a favorecer os surdos sinalizadores, pode-se argumentar que é a longa experiência com a língua de sinais que causa o desempenho superior dos surdos sinalizadores em tarefas visuoespaciais. É igualmente possível argumentar que o fator determinante não é a experiência linguística dos surdos sinalizadores, mas o simples fato de que eles são surdos. A primeira explicação é linguística, a segunda é sensorial; a primeira enfatiza a plasticidade neural direcionada pelo uso da língua de sinais, a segunda enfatiza a plasticidade neural direcionada pela ausência da audição.
É possível sair desta encrenca adicionando um terceiro grupo experimental composto por pessoas que sinalizem e sejam ouvintes: os intérpretes. Eles são ouvintes, a língua falada é seu meio preferencial de comunicação, mas eles são sinalizadores proficientes e usam a língua de sinais faz muito tempo. Se este grupo entrar no experimento, podemos interpretar adequadamente uma possível diferença de desempenho entre o grupo de surdos sinalizadores e o grupo de ouvintes não sinalizadores. Se os intérpretes (ouvintes sinalizadores) apresentarem desempenho semelhante aos surdos sinalizadores, concluiremos que o fator determinante da diferença entre estes grupos é o uso prolongado da língua de sinais. Por outro lado, se os intérpretes apresentarem desempenho semelhante ao dos ouvintes não sinalizadores, concluiremos que o fator determinante da diferença é a perda auditiva.
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(Ah sim: neste caso, os surdos sinalizadores estão mais próximos do surdo sinalizador do que dos ouvintes não sinalizadores, favorecendo a interpretação linguística).
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É preciso muita arte, muito planejamento para que um experimento seja bem conduzido e apresente resultados aproveitáveis. O erro de não incluir o grupo de intérpretes neste experimento deixaria sem resposta uma das perguntas mais importantes, que é saber a que se deve uma possível diferença de desempenho em tarefas visuoespaciais. Seria uma ciência capenga.
A coisa se estende a outros aspectos do experimento, notadamente à estatística complexa usada para analisar os dados. Se isso não for feito com cuidado e precisão, o experimento torna-se inaproveitável.
Fazer ciência não é fácil, é um processo lento e doloroso, especialmente num Brasil que ainda carece dos recursos e apoio necessários. Mas o que me importa agora é dizer que os experimentos começam com uma teoria, e que não é qualquer experimento que responde às perguntas que a teoria suscita.
Estamos prontos para conversar sobre o que significa uma prova da existência de Deus.


É complexo esse negócio de definir se Deus existe ou não. Já dissemos que um bom experimento começa com uma teoria, prossegue com os cuidados no arranjo experimental, avança para a coleta cuidadosa dos dados e termina com a análise dos dados à luz desta mesma teoria. A teoria foi confirmada ou não? Na verdade, a pergunta mais correta é “aquele aspecto da teoria foi confirmado ou não?” É que nenhum experimento pode dar conta de confirmar ou desacreditar totalmente uma teoria. Na maior parte do tempo a ciência é mais específica, menos global, mais humilde do que grandiloquente.
Se é assim, imagine a encrenca que é tentar provar que Deus existe, ou que ele não existe. Não existe ciência para tanto. A própria ciência é menor do que a hipótese.
Para entender meu raciocínio, basta fazer a seguinte pergunta: “que tipo de experimento mostraria a existência de Deus ou a negaria?” Não existe experimento para isso. E lembre que não é qualquer experimento que responde às questões suscitadas pela teoria.
A questão da existência de Deus carece de teoria, é maior do que qualquer experimento e, portanto, nos deixa sem dados para analisar. Tal conclusão é o desespero do cristão que quer forçar outros a acreditar no mesmo Deus, é também a angústia do ateu que não consegue forçar outros a desacreditar no Deus que professa não existir. A questão permanecerá para sempre um impasse. A ciência, imparcial até mesmo em suas limitações, se recusa a abraçar um ou outro. Graças a Deus (caso ele exista, claro).
Voltemos à questão da teoria sobre Deus por um momento. Imagine um rapaz ao lado da cama de seu pai doente. O homem vai definhando a olhos vistos. O rapaz incessantemente implora a Deus que cure seu pai. Sem sucesso. A doença está quase vencendo o pobre homem e o rapaz, existencialmente contorcido, grita aos céus “Deus, se o senhor existe, cura meu pai”. O pai morre no dia seguinte e o rapaz vira ateu, daqueles que “sabem” que Deus não existe.
Posso entender a angústia e a revolta de um rapaz como esse. Afinal, a angústia e a revolta não são privilégio daqueles que perderam a fé em Deus e adquiriram a fé na sua inexistência. Não é disso que estou tratando. O problema é que a teoria “se curar, Deus existe; se não curar, não existe” é uma teoria falha. A ideia desconsidera a possibilidade teórica de Deus ter a capacidade de curar, mas não a disposição para tanto. Um Deus desse talvez não mereça respeito, mas isso não prova sua inexistência. Desconsidera também a possibilidade que o velho pai estava cansado e pediu para Deus levá-lo e dar-lhe descanso. Não quis dizer nada ao filho para não parecer covarde. E, nesse caso, Deus existe, mas resolveu atender o pai e não o filho.
O limite destas teorias é o limite da imaginação e da criatividade. Mas uma coisa é certa: passar de “Deus não curou meu pai” para “Deus não existe” é um salto de lógica inaceitável. Equivale dizer para sua mãe “você morreu para mim” e ter a expectativa de cair da condição de filho. Forte, dramática, com cores fortes, mas ainda assim uma lógica insustentável.
E é essa barreira intransponível da prova que me faz perguntar: e se Deus nunca pretendeu dar provas de si mesmo?


Pense comigo. Por um lado, não existe nenhum experimento científico que possa comprovar ou negar definitivamente a existência de Deus. A ciência simplesmente não alcança estas alturas. Por outro lado, há quem afirme a inexistência de Deus pelo fato de não ser atendido em algum pedido extremamente importante, comumente com um forte componente afetivo (aquela história de “Deus, se o senhor existe mesmo, livre meu pai da morte”). Por estas e outras não acho mais que provar a existência de Deus seja uma atividade relevante ou coerente.
Não me entenda mal. Deus costuma ser muito importante na vida da maioria das pessoas, mesmo daquelas que o negam, pois é preciso o tempo todo se referir a Deus para negar-lhe a existência. Quero dizer que a ênfase na prova é improdutiva e desnecessariamente árida. Por isso cheguei à conclusão de que a existência de Deus é uma questão afetiva, não uma questão intelectual.
Não me entenda mal, nem me jogue na cara essa conversa furada de que a fé milita contra a razão. Isso é um maniqueísmo típico de quem leu muito e raciocinou pouco. Estou dizendo que, em termos afetivos, a razão simplesmente não tem forças para alcançar as alturas desejadas. Assim, rogo “valha-me Carl Sagan!”.
Já assisti inúmeras vezes o filme “Contato”, baseado no romance de mesmo nome escrito por Carl Sagan, famoso astrônomo e divulgador da ciência. Ele é conhecido por seu ceticismo e crítica ao fundamentalismo religioso. Sempre que pode dá uma alfinetada nos crentes usando o alfinete da razão crítica que a tudo julga. A cena é o ex-padre Joss numa varanda. É uma recepção de gala, ele está vestido com um smoking e segura uma bela taça de champanhe. Sua companhia é a cientista Ellie, que captou uma mensagem extraterrestre que a lançou no cenário mundial. Avessa a muita gente apertada no mesmo lugar, ela prefere ficar na varanda com a boa companhia de Joss. Logo ela pergunta “E se, antes de mais nada, Deus nunca existiu, e que o criamos mentalmente para jogar nele nossas ansiedades?” Ele faz aquela cara de a-coisa-vai-esquentar, respira fundo e lança a pergunta mais constrangedora possível naquele momento: “Ellie, você amava seu pai?” Sim, ela o amava profundamente, e Joss já sabia dessa estreita ligação quando fez a pergunta. Ela gagueja, pois esperava uma discussão puramente intelectual, terreno familiar para ela. Assim que ela confirmou esse amor pelo pai, Joss pergunta em tom grave: “Então prove”. Providencialmente uma urgência de última hora a livra de responder a esta pergunta que inverteu o argumento na qual ela tanto confiava.
Para um cientista cético, Sagan captou com rara precisão a tensão que havia no ar. A resposta que fica subentendida na cena é que Ellie não pode provar seu amor pelo pai já falecido, pois não existe experimento científico que sirva para tal propósito. A única coisa que ela tem é seu relato verbal e a esperança de que Joss vá acreditar nela. Ele de fato acredita na intensidade do amor de Ellie por seu pai, mas, tendo em mãos apenas uma pergunta, mostrou que este amor não pode ser demonstrado por meio dos critérios céticos da ciência que ela advoga. Lúcida, cientista brilhante, destemida contra as interpretações errôneas mesmo sob a mais pesada pressão, Ellie sucumbe à incapacidade de provar a coisa mais preciosa que habitava seu interior. Ela sabia, ela tinha certeza, mas nunca conseguiria provar. Para um cético, nesta cena Sagan ficou mais parecido com o crédulo Joss do que com a cética Ellie. Toda vez que vejo essa cena – e eu já a vi dezenas de vezes – eu me delicio com a ironia do cético seletivo atirando no próprio pé. Quisera eu que todos os cristãos tivessem a mesma clareza de pensamento.
Entender isso foi uma libertação. Se as coisas do afeto são assim, o Deus no qual acredito sequer tentou provar sua existência. Se é nosso amor que ele sempre quis, uma prova inconteste se transformaria em obrigação racional, não em afeto legítimo. Amor provado e exigido não é amor de verdade.


Depois de gastar muitos dos meus neurônios ruminando sobre este tema, cheguei à conclusão que o esforço de provar a existência de Deus – ou de negá-la – é um projeto destinado ao fracasso. Claro que uso o termo “prova” como uma prova definitiva, indiscutível, que obriga ao assentimento intelectual. O cristão zeloso que deseja convencer seus pares da verdade da existência de Deus nunca terá esta ferramenta em mãos. Os convencidos de que Deus não existe nunca terão uma refutação cabal para brandir contra os crédulos. Já disse que “prova” científica é um termo equivocado se tratado literalmente. Digo agora que a “prova” sobre Deus é uma tentativa vã, logicamente insustentável.
Digo, no melhor do meu julgamento: Deus nunca quis se provar. Por que não? Porque ele está interessado no afeto voluntariamente dado, nesse negócio de amor verdadeiro. Provas cabais exigem, afetos doam por escolha. Prova inconteste e amor verdadeiro são coisas que não se misturam. E isso é uma coisa boa, existencialmente afinada.
A impossibilidade da prova cabal não é o mesmo que ausência de rastros, de evidências. É o mesmo quando amamos alguém: o sentimento não pode ser cientificamente provado, mas é verdadeiramente sentido. Quem sente tem certeza, mesmo que não consiga provar.

começo de uma digressão
Se você anda lendo muito essas revistas de divulgação científica, talvez pense que é possível provar o amor que uma pessoa sente monitorando os hormônios correndo no sangue e observando uma tomografia funcional do cérebro enquanto a pessoa sente este amor. Esta costuma ser uma explicação reducionista. Isso não prova nada, nadinha mesmo. É que não está estabelecido, além de qualquer dúvida, que são os hormônios e a ativação de determinadas áreas cerebrais os elementos geradores do sentimento amoroso. Ao contrário, o mais razoável é imaginar que é o amor é o causador destas variações. Você sente amor, então determinadas áreas do cérebro acendem e um tanto de hormônios – muito parecidos com os hormônios do estresse – correm pelas suas veias funcionando como detonadores químicos de longa distância.
A única coisa que isso prova é que o sentimento amoroso é acompanhado de alterações cerebrais e bioquímicas, sem determinar quem causa o quê. E convenhamos: quem ama não precisa deste tipo de “evidência”. O enlevo e o coração palpitante fornecem toda a certeza de que precisam.
fim desta digressão

Eu olho para a natureza e simplesmente não consigo conceber que tanta beleza e perfeição tenham surgido de processos aleatórios, cegos. Eu simplesmente não consigo comprar esta idéia. Há um problema filosófico intransponível aqui para o cientista que não acredita em Deus. Ele precisa encontrar regularidades no universo para fazer sua ciência, certo? Coisas como a regularidade da órbita do elétron em torno do núcleo atômico e o funcionamento dos neurotransmissores nas sinapses, certo? Mas como processos totalmente aleatórios podem gerar um universo onde este tipo de regularidade pode ser estudado com o método científico? Nunca ouvi nenhum, nem um sequer, cientista se pronunciar sobre esse assunto. Parece conveniente este silêncio. Eu não tenho este problema. Deus criou as coisas e as criou com ordem e inteligência. Assim, sem a existência de um Deus com estas qualidades, a ciência sequer seria possível. Uma bela evidência.
Eu penso nas pessoas com as quais converso, e penso nas pessoas que observo. Todas elas têm alguma coisa faltando, uma angústia que as deixa desconfortáveis, como que à busca de algo que nem sabem o que – ou quem – é. Se existe um Deus do qual nos afastamos, um Deus que possui aquilo que pode tirar a angústia e apaziguar o coração, bem, faz sentido encontrar tanta gente com angústia existencial e coração irrequieto. Por isso fico pensando que Deus deve mesmo existir. Afinal, nós nos afastamos daquele que é a fonte que mata a sede da alma. Outra bela evidência.
Estas coisas me bastam. O barulho dos céticos não me incomoda mais. Descobri que eles têm muito mais a explicar do que eu, que eles não gostam muito de ser questionados, e que mesmo suas respostas me dão a impressão de serem incompletas e canhestras. Encontrei na natureza e na alma humana tudo o que eu precisava para dizer que Deus existe sim.
Sei bem o quanto esta volta argumentativa me custou. Descobri que Deus ficou mais perto, não mais longe ou desaparecido. Submetido aos mais rigorosos testes racionais, lógicos e científicos, minha fé sobreviveu, robusteceu-se e deu de ombros às bobagens irrefletidas que tantos arrotam. E quem acha que consegue ser mais rigoroso do que eu fui nos meus anos de reflexão, que atire o primeiro questionamento. Vai ser divertido.


Líder: conheça 6 frases que devem ser evitadas ao demitir alguém


SÃO PAULO - Comunicar ao profissional que ele será demitido da organização não é uma tarefa fácil, mas faz parte das funções do gestor. Neste momento, em que as emoções ficam “à flor da pele”, é necessário ter alguns cuidados.
Para a consultora associada da Muttare, Roberta Yono Ebina, nesta hora é fundamental que o líder aja com transparência. Pensando nisso, ela apontou algumas frases que devem ser evitadas. Confira abaixo:

·         “Você sabe porque está sendo demitido”: épapel do líder esclarecer os motivos que levaram a decisão. Mesmo que o profissional saiba porque está sendo demitido, o gestor tem de apontar as razões.
·         “Você exagerou”: frases deste tipo revelam julgamento por parte do líder. O gestor deve apenas descrever os fatos em que o funcionário errou, mas eles devem ser isentos de julgamentos. Exemplo: caso o profissional tenha gritado com alguém, o correto é dizer, exatamente isso, e não, “você foi mal educado, exagerou e gritou com fulano”.
·         “Você não fez o que eu pedi”: isso revela que o profissional trabalhava para atender aos interesses do líder e não da empresa. O gestor deve lembrar que todos na empresa trabalham em função da empresa e não dele.
·         Seu colega é melhor que você”: não envolva terceiros na conversa. Se o profissional não atendeu às metas e aos resultados esperados, isso deve ser esclarecido. De maneira alguma o gestor deve apontar que tal pessoa alcançou o resultado esperado e quem está sendo demitido não.
·         “O RH está aqui para me ajudar”: o anúncio da demissão deve ser feito apenas pelo líder, por isso não cabe ao departamento de RH (Recursos Humanos) da empresa participar da conversa. O papel do RH é treinar e capacitar o líder para que ele saiba agir em situações como esta. No processo demissional, o RH só deve atuar para resolver os assuntos como homologação, pagamento de salário, entre outros.
·         “A empresa está com um plano de corte de custos”: se realmente a empresa está passando por um momento de crise, isto deve ser esclarecido, e o gestor deve dizer que tantas pessoas serão demitidas. Caso não seja verdade, usar de este artifício é um erro crucial e demostra que o gestor é covarde e imaturo, ou seja, ele não está pronto para assumir um cargo de liderança.

Dia certo para demitir
O gestor também pode errar ao demitir o profissional em dias inapropriados, como aniversário e véspera de Natal. “Também não é legal demitir quando a pessoa perdeu alguém da família há poucos dias”, acrescenta a gerente de Recursos Humanos da Personal Service, Alexandra Morgado.
Ela explica que não existe uma data específica, mas o mais aconselhável é demitir em uma sexta-feira, já que o profissional terá o final de semana para refletir sobre o assunto e terá o apoio dos familiares e amigos. “Nós temos que lembrar que a demissão mexe com a vida das pessoas, por isso é importante ter cuidado e delicadeza neste momento”.
Por fim, a especialista aconselha que os líderes sempre optem por dar feedbacks constantes aos seus colaboradores. Desta maneira, o colaborador saberá se seu trabalho atende às expectativas da empresa e, caso não esteja, ele terá chances de melhorar. Se não melhorar e for demitido, ele não será pego de surpresa.
Por: Karla Santana Mamona

Não permita que a bagunça da mesa aumente o estresse no trabalho


4 dicas para você organizar sua mesa de trabalho
Especialistas afirmam que a desorganização afeta sim a produtividade de um profissional
Camila Lam, de exame

São Paulo – A mesa de trabalho de uma pessoa pode contar muito de sua rotina e personalidade. Para alguns, a bagunça pode ser organizada, mas para os especialistas, essa atitude não é vantajosa para a imagem de um profissional e para sua carreira.
Para Ivo Corradi de Abreu, consultor em organização, organizar a área do trabalho, seja no escritório ou em casa, aumentará a eficiência pessoal e diminuirá o estresse. “Quando você é cobrado de uma correspondência ou relatório que você nem lembra se recebeu ou não, isso demonstra um descontrole no trabalho”, diz.
“O profissional precisa se conscientizar de que a sua desorganização atrapalha sua produtividade”, afirma José Luiz Cunha, engenheiro e fundador do portal OZ! Organize sua vida.
Confira abaixo as dicas dos especialistas:
1 Descarte e limpe
Verifique se cada objeto que está em sua mesa de trabalho tem utilidade e descarte tudo aquilo que não pertence ao trabalho. Para Cunha, esse primeiro passo tem que ser planejado, e com uma data marcada. “Chegue mais cedo ou saia mais tarde do trabalho”, ensina.
2 Categorize
A melhor forma de organizar os papeis e documentos é classificá-los por assuntos. “O ideal é que a mesa tenha a menor quantidade de papeis possível”, diz Abreu.
Ele recomenda que uma bandeja, por exemplo, sirva de caixa de entrada para as correspondências. Dessa maneira, o profissional poderá gerenciar os papeis que viu e não viu.
3 Coloque as coisas no lugar
Levar muito tempo para achar algo que está precisando, além de ser uma perda de tempo pode ser prejudicial para sua produtividade, uma vez que a perda de um documento ou contato pode custar caro.
Para os especialistas, uma gaveta pode servir de suporte para que você possa colocar todos os trabalhos que precisam ser executados. Organizando dessa maneira, você saberá onde os objetos estão.
4 Afaste os objetos “inúteis”
“Deixe afastados os arquivos, livros ou revistas que você não consulta há meses”, ensina Cunha. Mas o bom senso prevalece quanto aos objetos pessoais, que para Abreu podem servir de motivação para o profissional.
Por isso, evite coleções de canecas, troféus ou de objetos muito pessoais. “Calendário, porta lápis e até uma fotografia são bem vindos”, diz.

Ganhar no grito


“O bacalhau bota milhares de ovos e ninguém toma conhecimento, enquanto a galinha bota um ovo só, cacareja e todo mundo fica sabendo”. Este provérbio americano deixa bem claro a necessidade de se comunicar. A comunicação é a hélice que garante a decolagem do negócio. Para a pequena empresa este é um ponto fundamental. O departamento de Comunicação da PUC de Minas Gerais publicou um folheto destinado a mostrar importância da Comunicação. Na capa, a cara de um bebê se esgoelando todo, acompanhado do slogan  ‘o nosso primeiro gesto de comunicação’. E a comunicação se estende não só ao publico externo (clientes) mais ao interno ( funcionários). Estes devem ser informado em primeiro lugar do que esta acontecendo na empresa. Geralmente são os últimos a saber das novidades, das campanhas, dos brindes a serem distribuídos, etc, e como o consumidor ou cliente final é sempre cliente direto dos funcionários há um vácuo, um erro grave de comunicação. Para não dizer desperdício. Como podemos querer que nosso funcionários respirem vendas, prestem assistência e atenda bem se não lhe damos a oportunidade do conhecimento e informação sobre nos mesmos.
Fizemos uma campanha numa concessionária de veículos e depois da propaganda estar pronta, a primeira coisa que fizemos foi convidar os funcionários a assistirem ao comercial. Puxa! Não tinha idéia da repercussão disto. Eles se sentiram como parte do processo e muito motivados, fazendo até sugestões valiosas para a campanha. Isto é sinergia.
Mas a história do comércio tem dezenas de exemplos de grandes negócios que começaram com apenas pequenas cordas vocais. O nosso problema é que quando a comunicação é feita, é malfeita. Os folhetos mal elaborados, sem criatividade, como os panfletos que recebemos nos sinaleiros. Sem eficácia. Para se ter uma idéia o Sebrae fez uma pesquisa de balcão em 1996 e uma das perguntas era sobre os recursos destinados à comunicação (divulgação e marketing) e este atingiu o índice de 0,3% do capital conseguido em empréstimos. Ou seja, a cada 20.000 reais, 60 reais era usado para comunicação. Ter um cartão de visita bem elaborado. Ter uma marca. Estampar no envelope o slogan de campanha sociais e da empresa não é tão dispendioso e é muito eficiente. Há exemplo bem sucedidos no Brasil aos quilos.
A comunicação empresarial da pequena empresa precisa deixar de ser vista como ‘desperdício de dinheiro’ ou ‘coisa de grandes empresas’. O planejamento de comunicação é para o pequeno negócio tão importante quanto o plano de vôo é para o piloto do avião. Um lembrete: sem o comprometimento de nossos funcionários, jamais teremos uma empresa de qualidade. Adenir Salla