Queda de 20% na audiência da Globo no carnaval
A transmissão da Globo dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, no domingo, registrou uma queda de 20% na audiência, na comparação com 2011. Anteontem, a emissora marcou 8,3 pontos no Ibope da Grande São Paulo. A primeira noite dos desfiles cariocas no ano passado marcou 10,4. Em 2010, a média foi de 10,9 e, em 2009, 12,5 pontos. Com uma programação alternativa à folia, a Record bateu a Globo durante os dois primeiros desfiles. Das 21h às 23h32, o "Domingo Espetacular" marcou 15 pontos contra 13 da concorrente. Na sequência, o "Repórter Record", das 23h32 à 0h21, também bateu o Carnaval da Globo por 12 a 10 pontos.
SOBRE ESSE NEGÓCIO DE PROVAR A EXISTÊNCIA DE DEUS
Ouvi dizer que as palavras não se dão ao respeito. É verdade.
Não culpe as palavras, o problema está com quem as usa. De fato, é
bastante natural que as palavras não se respeitem ao ponto de permanecerem
enrijecidas, inflexíveis. Palavra rígida demais é palavra morta. Não se admira
que usem o latim para denominar as espécies animais – homo sapiens,
por exemplo. O latim morreu, ninguém mais bole com aquelas palavras. Homo é
semprehomo, sapiens é sempre sapiens, e
ponto final.
“Causa-me espécie” é sinônimo de “causa-me estranheza”, e nem por isso
deixamos de captar em “Descobriram uma nova espécie de roedor” um outro
significado da palavra “espécie”. É uma palavra viva.
Dito isso, causa-me espécie o que se faz com a palavra “científico”. Sei
bem que preciso deixar esta palavra livre para se expandir e assumir novos
significados, mas tem coisa que me parece exagero. Hoje usa-se
“científico” para descrever o funcionamento de pranchas de alisamentos, para
descrever a ação de cosméticos e para descrever os movimentos de artes
marciais. “Funcionamento garantido cientificamente para alisar seus cabelos com
o mais novo e revolucionário jato de íons”; “Hidratação e limpeza profundas –
testado cientificamente”; “A magia das artes marciais explicada
cientificamente”; e assim vai.
Meus queridos, “científico” precisa ter um significado mais profundo do
que “comprovado”, “garantido” ou “medido com muita precisão”. Caso contrário, a
coisa perde o sentido e o equívoco é inevitável. Por significar coisas demais,
o termo passa a não significar muita coisa.
Assisti um especial da Discovery com a chamada “A ciência desvenda as
artes marciais” ou coisa que o valha. Gostei do programa. Custou uma hora de
sono, mas valeu a pena. Foram convidados campeões ou especialistas de cada
modalidade: kung-fu, karatê, jiu-jitsu (era o brasileiro Royce Gracie),
taekwondo, uns caras com espadas e outros com bastões. A estrutura do programa
era pedir que os especialistas dessem golpes em um boneco de medições usados na
indústria automobilística nos ensaios de impacto. O “científico” estava
principalmente no boneco, que registrava com precisão os mais diferentes tipos
de pancada. Só isso. Senti no ar uma intenção velada de determinar qual era o
golpe mais mortal. Tudo “científico”, bem apropriado para a televisão.
Pergunte-se: faz sentido medir com precisão alguma coisa sem saber o que
se pode esperar daquela medição? Que informação traz o mais preciso luxímetro
se você não sabe para quê está medindo a luminosidade? Precisão, por mais
importante que seja no esquema geral das coisas científicas, não é suficiente
para transformar medidas em conhecimento científico.
Provado cientificamente é, na verdade, uma expressão forte demais. As
pessoas costumam pensar que toda ciência é exata, com precisão de dez casas
decimais, e que os achados científicos não podem ser questionados. Elas
estariam certas se a natureza da evidência científica fosse a exatidão.
Percebeu a mudança de discurso? Estava falando da impressão
injustificada de que a ciência é exata, incontestável, e usei, como quem não
quer nada, a palavra evidência. Evidência é uma palavra menos contundente do
que prova, mas ela é mais apropriada para a ciência. Obter evidências é um
jeito de dizer “acúmulo de dados que sugerem uma interpretação compatível com
uma determinada teoria”. Tem outra expressão interessante, que é “evidências
convergentes”. Ela quer dizer “dados obtidos de diferentes áreas de pesquisa
apontam para a validade de uma determinada teoria”. Evidências convergentes são
mais fortes do que evidências.
Vamos aos exemplos. Evidência é quando se descobre que o hemisfério
esquerdo do cérebro é dominante para linguagem, e que o hemisfério direito é
dominante para o processamento espacial e visual. Como se descobre um
negócios desses? Estudando o caso de pessoas com lesões cerebrais, normalmente
causadas por AVCs (acidente vascular cerebral), os famosos derrames. O resumo
da ópera é que pessoas com lesão no hemisfério esquerdo do cérebro apresentam
dificuldades com a linguagem, quer dizer, elas não conseguem falar direito ou
não compreendem direito aquilo que ouvem, dependendo da localização e da
extensão da lesão. Pessoas com lesão no hemisfério direito do cérebro
apresentam dificuldades na hora de copiar desenhos e de montar cubos pintados
de acordo com um modelo. Estas são as evidências, e esta é a interpretação
destas evidências.
Por que estes dados não são provas, apesar de serem contundentes? Porque
há muita variação entre o tamanho das lesões, de sua localização, da idade dos
pacientes, das suas habilidades adquiridas antes da lesão, da origem da lesão e
diversos outros fatores. Isso impossibilita um estudo preciso, e por isso os
neurocientistas precisam trabalhar com evidências e não se dão ao luxo de
chamá-las de provas.
Evidência convergente é quando se descobre que surdos sinalizadores
apresentam o mesmo padrão de deficiências cognitivas em consequência de lesões
no hemisfério esquerdo ou direito. Surdos sinalizadores são aqueles que usam
preferencialmente a língua de sinais, que no Brasil se chama LIBRAS (língua
brasileira de sinais). Estes surdos usam o espaço para sinalizar, eles
processam os sinais e seus movimentos complexos usando a visão. Então, a
primeira suspeita seria que o processamento linguístico dos surdos
sinalizadores seria feito no hemisfério direito, que é especializado no
processamento visual e especial. Certo? Não, não é assim que acontece. As
pesquisas mostraram que o mesmo padrão ocorre nos surdos sinalizadores: eles apresentam
problemas linguísticos quando a lesão é no hemisfério esquerdo do cérebro, e
problemas visuo-espaciais quando a lesão está localizada no hemisfério direito.
Eu acho isso impressionante, e mostra que o hesmifério esquerdo é dominante
para linguagem independentemente da modalidade em que essa linguagem se
apresenta (auditiva versus visuo-espacial).
Evidências convergentes são assim: elas vêm de áreas diferentes de
pesquisa e apontam para a mesma direção, para a validade de uma determinada
teoria.
No entanto, mesmo as evidências convergentes têm suas limitações, que
são bem parecidas com as das evidências. Apesar de serem impressionantes, elas
apontam para a mesma falta de imprecisão. As lesões nos surdos apresentam
as mesmas complexidades apresentadas pelas lesões em ouvintes. Elas
acontecem em lugares diferentes, têm tamanhos diferentes, e têm origem
diferentes (AVC, acidentes de carro, tiros etc). Essas lesões não são
diretamente comparáveis e, portanto, são evidências de alcance limitado e de
difícil interpretação. É assim que caminha a neurociência. Agora a ciência não
parece tão exata, parece?
Mais uma coisa: estes estudos do funcionamento do cérebro humano usam,
sem exceção, a estatística para tirarem sua conclusões. São análises de
variância, de contraste, análise multi-variadas, coisas que assustam os mortais
só de pensar nelas. É importante observar isso, pois a estatística aplicada
nestes experimentos trabalha com faixas de valor e determina se as faixas são
significativamente diferentes entre si. Se a ciência fosse tão exata como se
costuma pensar, ela não precisaria da estatística e trabalharia com valores
absolutos.
Isso não depõe contra a ciência, a neurociência ou outros ramos de
pesquisa. Longe disso. É a maneira árdua e lenta de a ciência avançar. É
notável que, apesar destas dificuldades, a ciência avance.
É assim que a coisa funciona. Vamos tomar cuidado com a expressão “prova
científica”. Ela é um equívoco.
Quando um cientista vai colocar a mão na massa, ele deve se preocupar bastante
com o arranjo do experimento que vai conduzir.
Em primeiro lugar, o cientista precisa saber o que está procurando, qual
é o fenômeno que está investigando. Para isso, ele precisa de uma teoria que dê
conta dos fatos, que os explique adequadamente. Uma boa teoria responde bem às
questões existentes e suscita novas perguntas, novos questionamentos que, por
sua vez, suscitarão novos experimentos. É assim que a ciência funciona. Já se
disse que a ciência avança como em uma dança entre teoria e experimento. Nenhum
experimento científico sobrevive em um vácuo conceitual.
Em segundo lugar, o cientista deve se assegurar que o experimento
responde à pergunta que ele, inspirado pela teoria, está fazendo. Esta é uma
parte delicada do processo, pois um arranjo experimental capenga leva a
resultados capengas que não podem ser devidamente interpretados. Vou dar um
exemplo da pesquisa com surdos sinalizadores (aqueles que usam a língua de
sinais como meio preferencial de comunicação).
Na época em que fiz pesquisas com surdos, minha pergunta era a seguinte:
se a língua de sinais tem subcomponentes visuoespaciais à serviço da linguagem,
é possível que estes surdos, por conta do uso prolongado da língua de sinais,
sejam mais rápidos do que os ouvintes não sinalizadores em tarefas que exijam o
raciocínio visuoespacial? Calma.
Quando os surdos sinalizadores se comunicam, eles usam os sinais, que
são totalmente visuais. Por assim dizer, os surdos sinalizadores conversam
usando os olhos. Nos ouvintes, a mesma comunicação se faz com o ouvido. Pense:
se os surdos sinalizadores usam o espaço para definir sujeitos, verbos e
objetos, eles devem usar componentes do raciocínio visuoespacial para isso.
Movimento de braços, mãos e dedos são cruciais para a sinalização eficiente:
eles usam e interpretam visualmente os sinais, espaço e movimentos servem de
apoio para a linguagem.
Depois de ler a literatura relevante deste campo, a pergunta que me fiz
foi: será que os surdos sinalizadores apresentam um desempenho superior ao de
ouvintes não sinalizadores em tarefas puramente visuais, ou seja, em que o
espaço não é usado como meio de linguagem? O que eu precisava fazer era
submeter surdos sinalizadores e ouvintes não sinalizadores a uma tarefa que
demandasse unicamente o raciocínio visuoespacial, livre de qualquer componente
linguístico.
Um experimento feito desta maneira, comparando o desempenho destes dois
grupos, responderia à minha questão? Aparentemente sim, mas não. É que ficaria
faltando algo na hora de explicar uma possível diferença: ela seria atribuída a
quê? Como este tipo de diferença tende a favorecer os surdos sinalizadores,
pode-se argumentar que é a longa experiência com a língua de sinais que causa o
desempenho superior dos surdos sinalizadores em tarefas visuoespaciais. É
igualmente possível argumentar que o fator determinante não é a experiência
linguística dos surdos sinalizadores, mas o simples fato de que eles são
surdos. A primeira explicação é linguística, a segunda é sensorial; a primeira
enfatiza a plasticidade neural direcionada pelo uso da língua de sinais, a
segunda enfatiza a plasticidade neural direcionada pela ausência da audição.
É possível sair desta encrenca adicionando um terceiro grupo
experimental composto por pessoas que sinalizem e sejam ouvintes: os
intérpretes. Eles são ouvintes, a língua falada é seu meio preferencial de
comunicação, mas eles são sinalizadores proficientes e usam a língua de sinais
faz muito tempo. Se este grupo entrar no experimento, podemos interpretar
adequadamente uma possível diferença de desempenho entre o grupo de surdos
sinalizadores e o grupo de ouvintes não sinalizadores. Se os intérpretes
(ouvintes sinalizadores) apresentarem desempenho semelhante aos surdos
sinalizadores, concluiremos que o fator determinante da diferença entre estes
grupos é o uso prolongado da língua de sinais. Por outro lado, se os
intérpretes apresentarem desempenho semelhante ao dos ouvintes não
sinalizadores, concluiremos que o fator determinante da diferença é a perda
auditiva.
-
(Ah sim: neste caso, os surdos sinalizadores estão mais próximos do
surdo sinalizador do que dos ouvintes não sinalizadores, favorecendo a
interpretação linguística).
-
É preciso muita arte, muito planejamento para que um experimento seja
bem conduzido e apresente resultados aproveitáveis. O erro de não incluir o
grupo de intérpretes neste experimento deixaria sem resposta uma das perguntas
mais importantes, que é saber a que se deve uma possível diferença de
desempenho em tarefas visuoespaciais. Seria uma ciência capenga.
A coisa se estende a outros aspectos do experimento, notadamente à
estatística complexa usada para analisar os dados. Se isso não for feito com
cuidado e precisão, o experimento torna-se inaproveitável.
Fazer ciência não é fácil, é um processo lento e doloroso, especialmente
num Brasil que ainda carece dos recursos e apoio necessários. Mas o que me
importa agora é dizer que os experimentos começam com uma teoria, e que não é
qualquer experimento que responde às perguntas que a teoria suscita.
Estamos prontos para conversar sobre o que significa uma prova da
existência de Deus.
É complexo esse negócio de definir se Deus existe ou não. Já dissemos
que um bom experimento começa com uma teoria, prossegue com os cuidados no
arranjo experimental, avança para a coleta cuidadosa dos dados e termina com a
análise dos dados à luz desta mesma teoria. A teoria foi confirmada ou não? Na
verdade, a pergunta mais correta é “aquele aspecto da teoria foi confirmado ou
não?” É que nenhum experimento pode dar conta de confirmar ou desacreditar
totalmente uma teoria. Na maior parte do tempo a ciência é mais específica,
menos global, mais humilde do que grandiloquente.
Se é assim, imagine a encrenca que é tentar provar que Deus existe, ou
que ele não existe. Não existe ciência para tanto. A própria ciência é menor do
que a hipótese.
Para entender meu raciocínio, basta fazer a seguinte pergunta: “que tipo
de experimento mostraria a existência de Deus ou a negaria?” Não existe
experimento para isso. E lembre que não é qualquer experimento que
responde às questões suscitadas pela teoria.
A questão da existência de Deus carece de teoria, é maior do que
qualquer experimento e, portanto, nos deixa sem dados para analisar. Tal
conclusão é o desespero do cristão que quer forçar outros a acreditar no mesmo
Deus, é também a angústia do ateu que não consegue forçar outros a desacreditar
no Deus que professa não existir. A questão permanecerá para sempre um impasse.
A ciência, imparcial até mesmo em suas limitações, se recusa a abraçar um ou
outro. Graças a Deus (caso ele exista, claro).
Voltemos à questão da teoria sobre Deus por um momento. Imagine um rapaz
ao lado da cama de seu pai doente. O homem vai definhando a olhos vistos. O
rapaz incessantemente implora a Deus que cure seu pai. Sem sucesso. A doença
está quase vencendo o pobre homem e o rapaz, existencialmente contorcido, grita
aos céus “Deus, se o senhor existe, cura meu pai”. O pai morre no dia seguinte
e o rapaz vira ateu, daqueles que “sabem” que Deus não existe.
Posso entender a angústia e a revolta de um rapaz como esse. Afinal, a
angústia e a revolta não são privilégio daqueles que perderam a fé em Deus e
adquiriram a fé na sua inexistência. Não é disso que estou tratando. O problema
é que a teoria “se curar, Deus existe; se não curar, não existe” é uma teoria
falha. A ideia desconsidera a possibilidade teórica de Deus ter a capacidade de
curar, mas não a disposição para tanto. Um Deus desse talvez não mereça
respeito, mas isso não prova sua inexistência. Desconsidera também a
possibilidade que o velho pai estava cansado e pediu para Deus levá-lo e
dar-lhe descanso. Não quis dizer nada ao filho para não parecer covarde. E,
nesse caso, Deus existe, mas resolveu atender o pai e não o filho.
O limite destas teorias é o limite da imaginação e da criatividade. Mas
uma coisa é certa: passar de “Deus não curou meu pai” para “Deus não existe” é
um salto de lógica inaceitável. Equivale dizer para sua mãe “você morreu para
mim” e ter a expectativa de cair da condição de filho. Forte, dramática, com
cores fortes, mas ainda assim uma lógica insustentável.
E é essa barreira intransponível da prova que me faz perguntar: e se
Deus nunca pretendeu dar provas de si mesmo?
Pense comigo. Por um lado, não existe nenhum experimento científico que
possa comprovar ou negar definitivamente a existência de Deus. A ciência
simplesmente não alcança estas alturas. Por outro lado, há quem afirme a
inexistência de Deus pelo fato de não ser atendido em algum pedido extremamente
importante, comumente com um forte componente afetivo (aquela história de
“Deus, se o senhor existe mesmo, livre meu pai da morte”). Por estas e outras
não acho mais que provar a existência de Deus seja uma atividade relevante ou
coerente.
Não me entenda mal. Deus costuma ser muito importante na vida da maioria
das pessoas, mesmo daquelas que o negam, pois é preciso o tempo todo se referir
a Deus para negar-lhe a existência. Quero dizer que a ênfase na prova é
improdutiva e desnecessariamente árida. Por isso cheguei à conclusão de que a
existência de Deus é uma questão afetiva, não uma questão intelectual.
Não me entenda mal, nem me jogue na cara essa conversa furada de que a
fé milita contra a razão. Isso é um maniqueísmo típico de quem leu muito e
raciocinou pouco. Estou dizendo que, em termos afetivos, a razão simplesmente
não tem forças para alcançar as alturas desejadas. Assim, rogo “valha-me
Carl Sagan!”.
Já assisti inúmeras vezes o filme “Contato”, baseado no romance de mesmo
nome escrito por Carl Sagan, famoso astrônomo e divulgador da ciência. Ele é
conhecido por seu ceticismo e crítica ao fundamentalismo religioso. Sempre que
pode dá uma alfinetada nos crentes usando o alfinete da razão crítica que a
tudo julga. A cena é o ex-padre Joss numa varanda. É uma recepção de gala, ele
está vestido com um smoking e segura uma bela taça de champanhe. Sua companhia
é a cientista Ellie, que captou uma mensagem extraterrestre que a lançou no
cenário mundial. Avessa a muita gente apertada no mesmo lugar, ela prefere
ficar na varanda com a boa companhia de Joss. Logo ela pergunta “E se, antes de
mais nada, Deus nunca existiu, e que o criamos mentalmente para jogar nele
nossas ansiedades?” Ele faz aquela cara de a-coisa-vai-esquentar, respira fundo
e lança a pergunta mais constrangedora possível naquele momento: “Ellie, você
amava seu pai?” Sim, ela o amava profundamente, e Joss já sabia dessa estreita
ligação quando fez a pergunta. Ela gagueja, pois esperava uma discussão
puramente intelectual, terreno familiar para ela. Assim que ela confirmou esse
amor pelo pai, Joss pergunta em tom grave: “Então prove”. Providencialmente uma
urgência de última hora a livra de responder a esta pergunta que inverteu o
argumento na qual ela tanto confiava.
Para um cientista cético, Sagan captou com rara precisão a tensão que
havia no ar. A resposta que fica subentendida na cena é que Ellie não pode
provar seu amor pelo pai já falecido, pois não existe experimento científico
que sirva para tal propósito. A única coisa que ela tem é seu relato verbal e a
esperança de que Joss vá acreditar nela. Ele de fato acredita na intensidade do
amor de Ellie por seu pai, mas, tendo em mãos apenas uma pergunta, mostrou que
este amor não pode ser demonstrado por meio dos critérios céticos da ciência
que ela advoga. Lúcida, cientista brilhante, destemida contra as interpretações
errôneas mesmo sob a mais pesada pressão, Ellie sucumbe à incapacidade de
provar a coisa mais preciosa que habitava seu interior. Ela sabia, ela tinha
certeza, mas nunca conseguiria provar. Para um cético, nesta cena Sagan ficou
mais parecido com o crédulo Joss do que com a cética Ellie. Toda vez que vejo
essa cena – e eu já a vi dezenas de vezes – eu me delicio com a ironia do
cético seletivo atirando no próprio pé. Quisera eu que todos os cristãos
tivessem a mesma clareza de pensamento.
Entender isso foi uma libertação. Se as coisas do afeto são assim, o
Deus no qual acredito sequer tentou provar sua existência. Se é nosso amor que
ele sempre quis, uma prova inconteste se transformaria em obrigação racional,
não em afeto legítimo. Amor provado e exigido não é amor de verdade.
Depois de gastar muitos dos meus neurônios ruminando sobre este tema,
cheguei à conclusão que o esforço de provar a existência de Deus – ou de
negá-la – é um projeto destinado ao fracasso. Claro que uso o termo “prova”
como uma prova definitiva, indiscutível, que obriga ao assentimento
intelectual. O cristão zeloso que deseja convencer seus pares da verdade da
existência de Deus nunca terá esta ferramenta em mãos. Os convencidos de que
Deus não existe nunca terão uma refutação cabal para brandir contra os
crédulos. Já disse que “prova” científica é um termo equivocado se tratado
literalmente. Digo agora que a “prova” sobre Deus é uma tentativa vã,
logicamente insustentável.
Digo, no melhor do meu julgamento: Deus nunca quis se provar. Por que
não? Porque ele está interessado no afeto voluntariamente dado, nesse negócio
de amor verdadeiro. Provas cabais exigem, afetos doam por escolha. Prova
inconteste e amor verdadeiro são coisas que não se misturam. E isso é uma coisa
boa, existencialmente afinada.
A impossibilidade da prova cabal não é o mesmo que ausência de rastros,
de evidências. É o mesmo quando amamos alguém: o sentimento não pode ser
cientificamente provado, mas é verdadeiramente sentido. Quem sente tem certeza, mesmo
que não consiga provar.
começo de uma digressão
Se você anda lendo muito essas revistas de divulgação científica, talvez
pense que é possível provar o amor que uma pessoa sente monitorando os
hormônios correndo no sangue e observando uma tomografia funcional do cérebro
enquanto a pessoa sente este amor. Esta costuma ser uma explicação
reducionista. Isso não prova nada, nadinha mesmo. É que não está estabelecido,
além de qualquer dúvida, que são os hormônios e a ativação de determinadas áreas
cerebrais os elementos geradores do sentimento amoroso. Ao contrário, o mais
razoável é imaginar que é o amor é o causador destas variações. Você sente
amor, então determinadas áreas do cérebro acendem e um tanto de hormônios –
muito parecidos com os hormônios do estresse – correm pelas suas veias
funcionando como detonadores químicos de longa distância.
A única coisa que isso prova é que o sentimento amoroso é acompanhado de
alterações cerebrais e bioquímicas, sem determinar quem causa o quê. E convenhamos:
quem ama não precisa deste tipo de “evidência”. O enlevo e o coração palpitante
fornecem toda a certeza de que precisam.
fim desta digressão
Eu olho para a natureza e simplesmente não consigo conceber que tanta
beleza e perfeição tenham surgido de processos aleatórios, cegos. Eu
simplesmente não consigo comprar esta idéia. Há um problema filosófico
intransponível aqui para o cientista que não acredita em Deus. Ele precisa
encontrar regularidades no universo para fazer sua ciência, certo? Coisas como a
regularidade da órbita do elétron em torno do núcleo atômico e o funcionamento
dos neurotransmissores nas sinapses, certo? Mas como processos totalmente
aleatórios podem gerar um universo onde este tipo de regularidade pode ser
estudado com o método científico? Nunca ouvi nenhum, nem um sequer, cientista
se pronunciar sobre esse assunto. Parece conveniente este silêncio. Eu não
tenho este problema. Deus criou as coisas e as criou com ordem e inteligência.
Assim, sem a existência de um Deus com estas qualidades, a ciência sequer seria
possível. Uma bela evidência.
Eu penso nas pessoas com as quais converso, e penso nas pessoas que
observo. Todas elas têm alguma coisa faltando, uma angústia que as deixa
desconfortáveis, como que à busca de algo que nem sabem o que – ou quem – é. Se
existe um Deus do qual nos afastamos, um Deus que possui aquilo que pode tirar
a angústia e apaziguar o coração, bem, faz sentido encontrar tanta gente com
angústia existencial e coração irrequieto. Por isso fico pensando que Deus deve
mesmo existir. Afinal, nós nos afastamos daquele que é a fonte que mata a sede
da alma. Outra bela evidência.
Estas coisas me bastam. O barulho dos céticos não me incomoda mais.
Descobri que eles têm muito mais a explicar do que eu, que eles não gostam
muito de ser questionados, e que mesmo suas respostas me dão a impressão de
serem incompletas e canhestras. Encontrei na natureza e na alma humana tudo o
que eu precisava para dizer que Deus existe sim.
Sei bem o quanto esta volta argumentativa me custou. Descobri que Deus
ficou mais perto, não mais longe ou desaparecido. Submetido aos mais rigorosos
testes racionais, lógicos e científicos, minha fé sobreviveu, robusteceu-se e
deu de ombros às bobagens irrefletidas que tantos arrotam. E quem acha que consegue
ser mais rigoroso do que eu fui nos meus anos de reflexão, que atire o primeiro
questionamento. Vai ser divertido.
Líder: conheça 6 frases que devem ser evitadas ao demitir alguém
SÃO PAULO -
Comunicar ao profissional que ele será demitido da organização não é uma tarefa fácil, mas faz parte das funções do gestor.
Neste momento, em que as emoções ficam “à flor da pele”, é necessário ter
alguns cuidados.
Para a consultora
associada da Muttare, Roberta Yono Ebina, nesta hora é fundamental que o líder
aja com transparência. Pensando nisso, ela apontou algumas frases que
devem ser evitadas. Confira abaixo:
·
“Você sabe porque está sendo demitido”: épapel do líder esclarecer os motivos que
levaram a decisão. Mesmo que o profissional saiba porque está sendo demitido, o
gestor tem de apontar as razões.
·
“Você exagerou”: frases deste tipo revelam
julgamento por parte do líder. O gestor deve apenas descrever os fatos em
que o funcionário errou, mas eles devem ser isentos de julgamentos. Exemplo:
caso o profissional tenha gritado com alguém, o correto é dizer, exatamente
isso, e não, “você foi mal educado, exagerou e gritou com fulano”.
·
“Você não fez o que eu pedi”: isso revela que o
profissional trabalhava para atender aos interesses do líder e não da empresa. O gestor deve lembrar que todos na empresa
trabalham em função da empresa e não dele.
·
“Seu colega é melhor que você”: não envolva terceiros na
conversa. Se o profissional não atendeu às metas e aos resultados esperados,
isso deve ser esclarecido. De maneira alguma o gestor deve apontar que tal
pessoa alcançou o resultado esperado e quem está sendo demitido não.
·
“O RH está aqui para me ajudar”: o anúncio da
demissão deve ser feito apenas pelo líder, por isso não cabe ao departamento de
RH (Recursos Humanos) da empresa participar da conversa. O papel do RH é
treinar e capacitar o líder para que ele saiba agir em situações como esta. No
processo demissional, o RH só deve atuar para resolver os assuntos como
homologação, pagamento de salário, entre outros.
·
“A empresa está com um plano de corte de custos”: se realmente a
empresa está passando por um momento de crise, isto deve ser esclarecido, e o
gestor deve dizer que tantas pessoas serão demitidas. Caso não seja verdade,
usar de este artifício é um erro crucial e demostra que o gestor é covarde e imaturo,
ou seja, ele não está pronto para assumir um cargo de liderança.
Dia certo para demitir
O gestor também pode errar ao demitir o profissional em dias inapropriados, como aniversário e véspera de Natal. “Também não é legal demitir quando a pessoa perdeu alguém da família há poucos dias”, acrescenta a gerente de Recursos Humanos da Personal Service, Alexandra Morgado.
O gestor também pode errar ao demitir o profissional em dias inapropriados, como aniversário e véspera de Natal. “Também não é legal demitir quando a pessoa perdeu alguém da família há poucos dias”, acrescenta a gerente de Recursos Humanos da Personal Service, Alexandra Morgado.
Ela explica que não
existe uma data específica, mas o mais aconselhável é demitir em uma
sexta-feira, já que o profissional terá
o final de semana para refletir sobre o assunto e terá o apoio dos familiares e
amigos. “Nós temos que lembrar que a demissão mexe com a vida das pessoas, por
isso é importante ter cuidado e delicadeza neste momento”.
Por fim, a especialista aconselha que os líderes sempre optem por dar
feedbacks constantes aos seus colaboradores. Desta maneira, o colaborador
saberá se seu trabalho atende às expectativas da empresa e, caso não esteja,
ele terá chances de melhorar. Se não melhorar e for demitido, ele não será pego
de surpresa.
Por: Karla Santana Mamona
Não permita que a bagunça da mesa aumente o estresse no trabalho
4 dicas para
você organizar sua mesa de trabalho
Especialistas afirmam que a desorganização afeta sim a produtividade de
um profissional
Camila Lam, de exame
São Paulo – A mesa de
trabalho de uma pessoa pode contar muito de sua rotina e personalidade. Para
alguns, a bagunça pode ser organizada, mas para os especialistas, essa atitude
não é vantajosa para a imagem de um profissional e para sua carreira.
Para Ivo Corradi de
Abreu, consultor em organização, organizar a área do trabalho, seja no
escritório ou em casa, aumentará a eficiência pessoal e diminuirá o estresse.
“Quando você é cobrado de uma correspondência ou relatório que você nem lembra
se recebeu ou não, isso demonstra um descontrole no trabalho”, diz.
“O profissional
precisa se conscientizar de que a sua desorganização atrapalha sua
produtividade”, afirma José Luiz Cunha, engenheiro e fundador do portal OZ!
Organize sua vida.
Confira abaixo as
dicas dos especialistas:
1 Descarte e
limpe
Verifique se cada
objeto que está em sua mesa de trabalho tem utilidade e descarte tudo aquilo
que não pertence ao trabalho. Para Cunha, esse primeiro passo tem que ser
planejado, e com uma data marcada. “Chegue mais cedo ou saia mais tarde do
trabalho”, ensina.
2 Categorize
A melhor forma de organizar os papeis e documentos é classificá-los por
assuntos. “O ideal é que a mesa tenha a menor quantidade de papeis possível”,
diz Abreu.
Ele recomenda que uma
bandeja, por exemplo, sirva de caixa de entrada para as correspondências. Dessa
maneira, o profissional poderá gerenciar os papeis que viu e não viu.
3 Coloque as
coisas no lugar
Levar muito tempo
para achar algo que está precisando, além de ser uma perda de tempo pode ser
prejudicial para sua produtividade, uma vez que a perda de um documento ou contato
pode custar caro.
Para os
especialistas, uma gaveta pode servir de suporte para que você possa colocar
todos os trabalhos que precisam ser executados. Organizando dessa maneira, você
saberá onde os objetos estão.
4 Afaste os
objetos “inúteis”
“Deixe afastados os
arquivos, livros ou revistas que você não consulta há meses”, ensina Cunha. Mas
o bom senso prevalece quanto aos objetos pessoais, que para Abreu podem servir
de motivação para o profissional.
Por isso, evite
coleções de canecas, troféus ou de objetos muito pessoais. “Calendário, porta
lápis e até uma fotografia são bem vindos”, diz.
Ganhar no grito
“O bacalhau bota milhares de ovos e ninguém toma conhecimento, enquanto
a galinha bota um ovo só, cacareja e todo mundo fica sabendo”. Este provérbio americano
deixa bem claro a necessidade de se comunicar. A comunicação é a hélice que
garante a decolagem do negócio. Para a pequena empresa este é um ponto
fundamental. O departamento de Comunicação da PUC de Minas Gerais publicou um
folheto destinado a mostrar importância da Comunicação. Na capa, a cara de um
bebê se esgoelando todo, acompanhado do slogan
‘o nosso primeiro gesto de comunicação’. E a comunicação se estende não
só ao publico externo (clientes) mais ao interno ( funcionários). Estes devem
ser informado em primeiro lugar do que esta acontecendo na empresa. Geralmente
são os últimos a saber das novidades, das campanhas, dos brindes a serem
distribuídos, etc, e como o consumidor ou cliente final é sempre cliente direto
dos funcionários há um vácuo, um erro grave de comunicação. Para não dizer
desperdício. Como podemos querer que nosso funcionários respirem vendas,
prestem assistência e atenda bem se não lhe damos a oportunidade do
conhecimento e informação sobre nos mesmos.
Fizemos uma campanha numa
concessionária de veículos e depois da propaganda estar pronta, a primeira
coisa que fizemos foi convidar os funcionários a assistirem ao comercial. Puxa!
Não tinha idéia da repercussão disto. Eles se sentiram como parte do processo e
muito motivados, fazendo até sugestões valiosas para a campanha. Isto é
sinergia.
Mas a história do comércio
tem dezenas de exemplos de grandes negócios que começaram com apenas pequenas
cordas vocais. O nosso problema é que quando a comunicação é feita, é malfeita.
Os folhetos mal elaborados, sem criatividade, como os panfletos que recebemos
nos sinaleiros. Sem eficácia. Para se ter uma idéia o Sebrae fez uma pesquisa
de balcão em 1996 e uma das perguntas era sobre os recursos destinados à
comunicação (divulgação e marketing) e este atingiu o índice de 0,3% do capital
conseguido em empréstimos. Ou seja, a cada 20.000 reais, 60 reais era usado
para comunicação. Ter um cartão de visita bem elaborado. Ter uma marca.
Estampar no envelope o slogan de campanha sociais e da empresa não é tão
dispendioso e é muito eficiente. Há exemplo bem sucedidos no Brasil aos quilos.
A comunicação empresarial da
pequena empresa precisa deixar de ser vista como ‘desperdício de dinheiro’ ou
‘coisa de grandes empresas’. O planejamento de comunicação é para o pequeno
negócio tão importante quanto o plano de vôo é para o piloto do avião. Um
lembrete: sem o comprometimento de nossos funcionários, jamais teremos uma
empresa de qualidade. Adenir Salla
Assinar:
Postagens (Atom)